terça-feira, dezembro 11, 2007

O peso da responsabilidade

O título foi descaradamente roubado de uma crónica muito interessante, assinada pelo Dr. Bakali (o nome soa àqueles curandeiro-feiticeiros africanos que aparecem nos classificados dos jornais, mas a verdade é que o senhor escreve bem, gosto de lê-lo) que li na Blitz deste mês. Na dita, resumidamente, o Dr. Bakali faz referência a uma petição que andou a circular na Internet, sobre um artista chamado Guillermo Vargas, que supostamente deixou morrer à fome e à sede um cão vadio que manteve em exposição numa galeria. Para começar, explique-se qual era o objectivo do artista ao expor o animal: alertar para o perigo que os cães vadios representam para os humanos (parece que um miúdo morreu depois de ter sido violentamente atacado por dois cães numa rua da Costa Rica). Faço parte do extenso universo daqueles que receberam a petição e, quando li o texto, além de chocada, fiquei convencida de que a história era verdadeira. Resultado, lá fui eu a correr acrescentar o meu nome, de forma a impedir que o senhor Vargas participasse numa qualquer bienal europeia de arte. E aquilo que diz a crónica do Dr. Bakali é que a história apenas é verdadeira em parte, ou seja, na realidade o artista expos o animal, mas é mentira que o deixou morrer, parece que o cão conseguiu fugir. Pelos vistos, e ainda de acordo com as palavras do Dr. Bakali, aquilo que aconteceu é que Vargas terá dito, durante uma entrevista posterior à fuga do bicho, que era sua intenção deixá-lo morrer. Portanto, foi essa revelação que deu origem à indignação generalizada. O artista não deixou morrer o cão, muito embora pudesse ter sido essa a sua intenção, continuo a achar chocante a iniciativa de expor o animal, apesar de perceber o que passou pela cabeça do homem, mas aquilo que realmente me deixou a pensar foi o facto de ter embarcado na história da petição sem me ter dado ao trabalho de confirmar se era verdadeira. E realmente, na imensidão que é o mundo cibernético, cada um de nós é responsável sempre que faz um simples forward. É o tal efeito “carneirada” que tanto me irrita e no qual caí que nem um patinho. Enfim, só espero que o cão continue vivo e que não se vingue da atitude do artista abocanhando a perna de alguém que lhe passe à frente.

5 Comments:

Blogger marta r said...

A sério que não morreu????
Bom, mas é como dizes é chocante na mesma a forma como expôs o animal...

dezembro 12, 2007  
Blogger Custódia C. said...

Esse é mais um dos problemas desta realidade virtual. Mas quem vive sem ela hoje em dia?

dezembro 12, 2007  
Blogger Luís F. said...

Também caí que nem um patinho...

dezembro 12, 2007  
Blogger tulipa_negra said...

soube da história mas não assinei nenhuma petição... esse senhor na minha opinião é um energúmeno! (será com e ou com i? lol)

beijos

dezembro 13, 2007  
Anonymous Anónimo said...

A esta hora o cão está morto certamente, tal como escrevi. Um amigo explorou ainda mais o tema e apurou que o canídeo além de esfaimado estaria bastante doente. O ter fugido de novo para a rua só o condenou.
Obrigado por me lerem e obrigado por me comentarem.

dezembro 29, 2007  

Enviar um comentário

<< Home