terça-feira, outubro 31, 2006

Sem stresses

Sempre fui uma péssima ‘planta-sitter’. Gosto de as ter em casa, mas esqueço-me de que só (sobre)vivem se as regar de vez em quando. Não é por mal que quase sempre as deixo morrer à sede. Se eu própria me esqueço de beber água…

De vez em quando sofro de um mal que afecta o quê…? 99% da população mundial? Por aí, mais coisa menos coisa. Chama-se stress. Manifesta-se sobretudo naqueles dias em que o Metro resolve fazer greve e a Marginal está fechada por causa de um acidente e eu demoro o mesmo tempo a chegar ao trabalho que demoraria a chegar o quê…? Ao Algarve? Por aí, mais coisa menos coisa.

E qual é a relação possível entre os dois parágrafos acima? É isto que se segue…


Flip Flap, uma ‘planta’ que se alimenta de luz solar e que tem um efeito anti-stress. Na caixa onde o brinquedo vem guardado diz: "Please grow your Flip Flap in your mind and bloom your own special flower". Que bonito...

Quem teve a ideia foi um génio da empresa japonesa Toy Company Toming. Graças a ele, mato dois coelhos de uma só cajadada...

quarta-feira, outubro 25, 2006

«Cansei de ser sexy»

Quando apenas conhecia frases soltas de Nietzsche e algumas coisas que Zaratustra dizia (e muitas vezes, que bela seca foi!), tinha a presunção de considerar que aquilo que ele escreveu, era dirigido a pessoas como eu.
Um pouco mais tarde, e pelos mesmos motivos, tive ainda mais arrogância para o «liquidar».

Abrirmo-nos a ele constitui lidarmos com a nossa pequenez em quase tudo o que fazemos. Mas deverá significar a rejeição ao homem? Ou será que nessa rejeição ainda nos tornamos, como ele próprio vaticinou, ainda mais mesquinhos e pobres de espírito?

Leva-me isto a pensar que a crítica mais feroz é, muitas vezes, a forma mais fácil de escrever sobre algo que, antes, nunca se conseguiu escrever. Por incapacidade de expor o assunto ou até porque o assunto nunca terá chegado à cabeça…
É, cada vez mais, tão fácil criticar. A nossa aldeia global dá-nos matéria suficiente que, com a ajuda do maravilhoso e tecnológico copy-paste, transformamos em obras-primas pessoais.
Pelo menos até alguém encontrar a fonte (pesquisando bem, às vezes a própria «fonte» é um plágio).

E abrindo, mais uma vez, as portas a Nietzsche, eis que nos encontramos na era (será que a culpa é de Aquário?) em que todos nos detestamos e, ainda mais grave, nos detestamos a nós próprios. A escassez de ideias não tecnológicas, realmente inovadoras, provoca um sentimento generalizado de culpa, próprio e prévio à idade da razão.
Na prática, os dentes arreganhados que mostramos aos outros é um reflexo da nossa incapacidade de fazer melhor… de fazer a diferença… porque nos vemos ao espelho!

Penso que globalmente temos uma atitude de crianças, às quais deram ferramentas tecnológicas poderosíssimas e que ainda não sabem propriamente para que servem os respectivos botões (ou que só sabem depois de os experimentar).
É um facto que não estamos preparados para tanta modernidade e à frente do control panel sentimo-nos deuses, acabando por negar e aniquilar o Nosso.

Em 1882 ele disse: «Deus morreu!».

quarta-feira, outubro 18, 2006

Amanhã não me apanhas

Estava ali pendurada, caio, não caio. Impaciente, olhou uma e outra vez para o passeio que ficava cinco ou seis andares abaixo. Fixou-se na esquina da rua. Tanta demora, pensou. Será que não ouviu o despertador? Perdeu o comboio? Há outra vez greve do metro? Suspirou. Espreitou o relógio. Ia começar a contar os segundos quando… Lá vem ela. Atenta, procurou um pedaço de pele a descoberto. Nos últimos dias, tem vindo a esforçar-se para melhorar a pontaria. Mais roupa dificulta-lhe a vida. Hoje decidiu apontar ao pescoço. Fez um sorrisinho lacónico e arqueou o sobrolho direito. Tomou balanço. É agora, pensou. Largou-se, atingiu uma velocidade quase vertiginosa e ainda soltou um grito de vitória antes de atingir o alvo. Senti-a escorregar pelo pescoço. Arrepiei-me e, irritada, quis dizer-lhe: outra vez eu? Mas já era tarde. Malditas goteiras...

segunda-feira, outubro 16, 2006

Previsões astrológicas a Metro

Hoje, no jornal Metro, reza assim a previsão da Andreia Gaita para o meu signo:
Um homem amarrotado e atarracado vai chegar ao pé de si e oferecer-lhe um estranho bolo de passas. Poderá ser boa ideia aceitar, mas não o coma.
Tendo em conta que hoje é Dia Mundial da Alimentação, isto faz todo o sentido.

quinta-feira, outubro 12, 2006

Tic, tac, tic, tac...

Só faltam 7,5 biliões de anos para o fim, mas não vale a pena entrar em pânico porque já há soluções à vista. Ufa, respiro de alívio...

segunda-feira, outubro 09, 2006

Credendo Vides

Claude Monet, Impression, soleil levant - 1873

Sentei-me disposto a escrever o que sinto,
Num ensaio frustrado de reduzir em papel,
As certezas que tenho, com uma calma que minto.
Estou convicto do feito que é escrever a pincel,
O quadro que habito cada dia que pinto,
A tua figura em tons de pastel.

Assim, quase rendido com a ausência de ti,
Emolduro todas as marcas dos passos que damos
Em caixilhos da alma, que eu nunca senti.
E se o dia vier em que afinal recuamos,
Guardarei a pintura que um dia escrevi,
Numa só árvore, que somos, com todos os ramos.

Por fim, a ilusão do meu percurso de vida,
Qual forma de um sonho que um dia fez eco
Irrompe brilhante numa tela garrida.
E tal como do artista que esboça um boneco,
Surgem os traços d'uma imagem desvanecida,
Que geram um molde onde toco e me perco.

Deslumbrado flutuo e procuro em perspectiva
Teus olhos, tua expressão, teu sentir... e por fim,
Subtraio, no torpe, contornos para além da deriva.
Declino Cézanne, expulsando a sépia de mim,
Mas invoco Gauguin que o sentimento cativa,
Devolvendo ao mistério a sólida cor do carmim.

Ainda entorpecido numa mancha abstracta,
Desafio a gravidade sobre o chão que não piso,
Estendendo cada momento, num calendário sem data.
Afasto o passado e rejeito, indeciso,
Sons que me levem à loucura em cascata
Mas desenho, com dedos… Os trilhos do paraíso.

Procuro, como Monet, toda a essência da tinta,
Nas cores e na luz, a centelha que me faz renascer.
E é nela que resgato a paleta, a qual cuidava já extinta.
Com novo talento retomo, para jamais me conter,
À maqueta de tal obra, antes que a vida me minta,
Sabendo que o dia, amanhã, trará um novo ferver.


2005/2006 P.B.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Gosto deste parzinho de jarras

Oferecer flores é pouco original, mas fica sempre bem. Oferecer flores numa jarra destas, é original e fica melhor ainda. E quando as flores murcham, permanece a mensagem escrita a giz na etiqueta. Ou então até se pode transformar a jarra em suporte para troca de ‘recadinhos’. Romântico. Encontrei aqui.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Se virem alguém com um destes na cabeça, não sou eu

Em Milão, na Fashion Week, já se mostrou o que vai estar na berra na próxima Primavera-Verão (e eu que ainda nem sequer vi com olhos de ver a colecção deste Outono-Inverno). Dos vários criadores presentes, o russo Max Chernitsov foi um dos que mais deu nas vistas. E porquê? Por causa daquele fantástico exemplar que a modelo da foto transporta na cabeça. Se a moda pega por cá, quem vai enriquecer rapidamente são os artistas ali do Chapitô. São rapazes (e raparigas) para fazer um chapelinho destes num abrir e fechar de olhos. Eu já decidi que não vou aderir ao dito. Se bem que lhe encontro uma utilidade: entreter os mais pequenos quando estão aborrecidos. 'Toma lá o chapéu da mamã e faz um boneco'.